Tradução: "How YouTube Radicalized Brazil", artigo do The NewYork Times
Como o YouTube radicalizou o Brasil
[Esta matéria foi publicada em 11 de agosto na página do The NewYork Times, juntamente com um vídeo que os autores do texto gravaram para a série The Weekly, produzida pelo Times e disponível na plataforma de streaming Hulu.
Apesar de não ser um texto exatamente novo, continua a se tratar de uma leitura extremamente importante por ajudar a elucidar algumas das questões debatidas durante a CPMI das Fake News e o papel do YouTube nisso tudo.]
(com a colaboração de Mariana Simões, Kate Steiker-Ginzberg e Renata Matarazzo)
11 de ago. 2019
Carlos Jordy, eleito deputado federal pelo PSL-RJ, foi um dos que se beneficiou pela onda de radicalização reforçada pelo YouTube. |
NITERÓI, Brasil – Quando
Matheus Dominguez tinha 16 anos, o YouTube recomendou um vídeo que mudou sua
vida.
Ele fazia parte de uma banda
em Niterói, uma cidade circundada pela
praia no Brasil, e praticava guitarra assistindo tutoriais online.
O YouTube havia recentemente instalado um
poderoso novo sistema de inteligência artificial que aprendia a partir do
comportamento do usuário e pareava os vídeos com recomendações para outros. Um dia, a página o dirigiu a um professor amador de
guitarra chamado Nando Moura, que havia ganhado um grande número de seguidores
por postar vídeos sobre heavy metal, vídeo games e, em sua maioria, política.
Em vociferações
de extrema direita a cores e paranoicas, Moura acusava feministas, professores e
políticos mainstream de promoverem grandes conspirações. Dominguez estava viciado.
Conforme
seu tempo no site aumentava, o YouTube recomendava vídeos de outras figuras da
extrema direita. Um deles era
um deputado chamado Jair Bolsonaro, então uma figura marginal na política
nacional – mas uma estrela na comunidade de extrema direita do YouTube no
Brasil, onde a plataforma se tornou mais amplamente assistida do que todos os canais de TV,
à exceção de um.
No ano passado, ele se tornou
o Presidente Bolsonaro.
"O YouTube se tornou a
plataforma de mídias sociais da direita brasileira", disse Dominguez,
agora um esguio jovem de 17 anos que diz que ele, também, planeja buscar uma
carreira política.
Membros da recentemente
empoderada extrema-direita da nação – de organizadores de movimentos locais a
deputados federais – dizem que seu movimento não teria ascendido tanto e tão
rápido sem o mecanismo de recomendações do YouTube.
Uma nova pesquisa descobriu
que eles podem estar corretos. O sistema de busca e recomendação do YouTube parece
ter desviado sistematicamente usuários para canais de extrema-direita e de
conspiração no Brasil.
Uma
investigação do New York Times no Brasil descobriu que, repetidamente, os
vídeos promovidos pelo site têm invertido elementos centrais da vida diária.
Professores descrevem salas
de aula tomadas por indisciplina por estudantes que citam a partir de vídeos de
conspiração do YouTube ou que, encorajados por youtubers estrelas da
extrema-direita, secretamente gravam seus instrutores.
Alguns pais recorrem ao "Dr.
YouTube" em busca de aconselhamento sobre saúde, mas recebem perigosas
desinformações em vez disso, dificultando os esforços da nação para lutar
contra doenças como a Zika. Vídeos virais têm incitado ameaças de morte contra
defensores da saúde pública.
E, na política, uma onda de
estrelas da extrema-direita no YouTube concorrem a cargos ao lado de Bolsonaro,
alguns deles ganhando com margens históricas. A maioria ainda usa a plataforma,
governando a quarta maior democracia do mundo através de "trollagem"
e provocações afiadas pela internet.
O sistema de recomendação do
YouTube é construído para maximizar o tempo de exibição, juntamente a outros
fatores, segunda a companhia, mas não para favorecer qualquer ideologia
política. O sistema sugere o que assistir em seguida, frequentemente exibindo
os vídeos automaticamente, em uma busca sem fim para nos manter grudados a
nossas telas.
Mas as emoções que atraem as
pessoas — como meda, dúvida e raiva — são frequentemente aspectos centrais de
teorias da conspiração e, em particular, segundo especialista, do extremismo de
direita.
Conforme o sistema sugere
mais vídeos provocativos para fazer com que usuários continuem assistindo, pode
direcioná-los para um conteúdo extremo que, de outra forma, eles não
encontrariam. E ele é desenhado para direcionar usuários a novos tópicos para
estimular um novo interesse – uma vantagem para canais como o de Moura, que usam
a cultura pop como porta de entrada para ideias de extrema-direita.
O
sistema agora guia 70 porcento do tempo total na plataforma, segundo a
companhia. Conforme a audiência dispara globalmente, o YouTube está trazendo
mais de 1 bilhão de dólares por mês, alguns analistas acreditam.
Zeynep Tufecki, um estudioso
das mídias sociais, chamou a página de "um dos mais poderosos instrumentos
de radicalização do século 21".
Representantes de companhias
questionaram a metodologia dos estudos e disseram que os sistemas da plataforma
não privilegiam o ponto de vista de ninguém, nem direcionam usuários para o
extremismo. Contudo, os representantes admitiram algumas das descobertas e
prometerem executar mudanças.
Farshad Shadloo, um
porta-voz, disse que o YouTube tem "investido pesadamente nas políticas,
nos recursos e produtos" para reduzir a disseminação de desinformação
prejudicial, adicionando que "nós percebemos que conteúdo autoritário tem
prosperado no Brasil e está entre os conteúdos mais recomendados no site".
Danah Boyd, fundadora do
think tank Data & Society, atribuiu a disrupção no Brasil ao apelo
implacável do YouTube por engajamento do espectador, e às rendas que isso gera.
Embora escândalos de
corrupção e uma profunda recessão já tenham devastado o establishment político
do Brasil e deixado muitos brasileiros prontos para um rompimento com o status
quo, Boyd considera o impacto do YouTube uma indicação preocupante do crescente
impacto da plataforma em democracias ao redor do mundo.
"Isso
está acontecendo em todo lugar", ela diz.
O Partido do YouTube
Maurício
Martins, o vice-presidente local do partido de Bolsonaro em Niterói, credita a
"maior parte" do recrutamento para o partido ao YouTube — incluindo o
seu próprio.
Ele estava passando tempo no
site um dia, relembra, quando a plataforma mostrou a ele um vídeo de um
blogueiro de direita. Ele o assistiu por curiosidade. O site mostrou a ele
outro e, então, outro.
"Antes disso, eu não
tinha um background político ideológico", Martins disse. As recomendações com
reprodução automática do YouTube, ele declarou, foram "minha educação
política".
"Foi desse jeito com
todo mundo", ele disse.
A influência política da
plataforma tem sido sentida de modo crescente nas escolas brasileiras.
"Às vezes eu estou
assistindo vídeos sobre um jogo, e de repente é um vídeo do Bolsonaro",
diz Inzaghi D., um aluno do segundo grau de uma escola em Niterói.
Cada vez mais, seus colegas
fazem declarações extremistas, com frequência citando como evidência estrelas
do YouTube como Moura, o guitarrista-transformado-em-conspiracionista.
"É a principal fonte que
as crianças têm para obter informação", ele diz.
Poucos ilustram melhor a
influência do YouTube como Carlos Jordy.
Musculoso
e cheio de tatuagens — sua mão esquerda carrega uma caveira em chamas como
olhos de diamante —, ele adentrou na Câmara Municipal em 2017 [como vereador],
com poucos prospectos de ascender através da política tradicional. Então, Jordy
tirou inspiração de blogueiros como Moura e seu mentor político, Bolsonaro, voltando
seu foco para o YouTube.
Ele postou vídeos acusando
professores locais de conspirarem para doutrinar estudantes para o comunismo.
Os vídeos deram a ele uma "audiência nacional", ele diz, e
impulsionaram sua surpreendente ascensão, apenas dois anos depois, à
legislatura federal.
"Se
as mídias sociais não existissem, eu não estaria aqui", ele diz.
"Jair Bolsonaro não seria presidente".
Descendo a Toca do Coelho
A algumas centenas de milhas
de distância de Niterói, um grupo de pesquisadores liderados por Virgilio
Almeida na Universidade Federal de Minas Gerais se curvam sobre computadores,
tentando entender como o YouTube molda as realidades de seus usuários.
O time analisou transcrições
de milhares de vídeos, bem como os comentários abaixo deles. Canais de direita
no Brasil, eles descobriram, têm visto suas audiências expandirem muito mais
rapidamente que outros [canais], e parecem estar guinando o conteúdo político
geral do site.
Nos meses após o YouTube
mudar seu algoritmo, menções positivas a Bolsonaro se inflaram. O mesmo ocorreu
com menções a teorias da conspiração que ele fez circularem. Isso começou
quando as pesquisas ainda o mostravam como alguém profundamente impopular,
sugerindo que a plataforma estava fazendo mais do que meramente refletir tendências
políticas.
Um
grupo no Berkman Klein Center, de Harvard, decidiu testar se a ascensão
meteórica da extrema direita brasileira na plataforma havia sido impulsionada
pelo sistema de recomendações do YouTube.
Jonas Kaiser e Yasodara
Córdova, juntamente com Adrian Rauchfleisch, da Universidade Nacional de
Taiwan, programaram um servidor baseado no Brasil para entrar em um canal
popular ou digitar um termo de busca e, em seguida, abrir as principais
recomendações do YouTube, e então seguir as recomendações em cada um dos vídeos
e assim por diante.
Ao repetir esse procedimento
milhares de vezes, os pesquisadores rastrearam como a plataforma movia usuários
de um vídeo para o outro. Eles descobriram que, depois que os usuários
assistiam a um vídeo sobre política ou mesmo entretenimento, as recomendações
do YouTube com frequência favoreciam canais de direita, repletos de
conspirações, como o de Moura.
Crucialmente, usuários que
assistiam a um canal de extrema direita com frequência teriam muito mais
mostrados a eles.
O algoritmo havia unido
canais outrora marginais — e então construído uma audiência para eles —, os
pesquisadores concluíram.
Um desses canais pertencia a
Bolsonaro, que há tempos usava a plataforma para postar boatos e conspirações.
Apesar de ter adotado cedo o YouTube, seus seguidores online fizeram pouco para
expandir sua base política, que mal existia em nível nacional.
Então,
o sistema político do Brasil colapsou justamente enquanto a popularidade do
YouTube no país aumentou.
A visão de Bolsonaro não mudou. Mas a extrema-direita
do YouTube, onde ele era uma figura grande, viu sua audiência explodir,
ajudando a prover grandes números de brasileiros para sua mensagem, em um
momento em que o país estava pronto para um deslocamento político.
O YouTube desafiou a
metodologia dos pesquisadores e disse que seus dados internacionais
contradiziam as descobertas. Mas a companhia declinou o pedido do Times por
esses dados, bem como solicitações de certas estatísticas que revelariam se as
descobertas dos pesquisadores eram ou não precisas.
"Dr. YouTube"
As conspirações não são
limitadas à política. Muitos brasileiros procurando sobre informações sobre
cuidados com a saúde encontram vídeos que os aterrorizaram: alguns diziam que a
Zika estava sendo espalhada por vacinas, ou por inseticidas que deveriam
restringir a doença transmitida pelos mosquitos que assolou o nordeste do
Brasil.
Os vídeos pareciam surgir na
plataforma basicamente da mesma forma que o conteúdo político extremista:
fazendo alegações alarmantes e prometendo verdades proibidas que mantinham os
usuários colados em suas telas.
Médicos, assistentes sociais
e ex-funcionários do governo afirmaram que os vídeos criaram as bases para uma
crise de saúde pública conforme pacientes assustados recusavam vacinas e até
inseticidas anti-Zika.
As consequências são
pronunciadas em comunidades mais pobres como Maceió, uma cidade no nordeste do
Brasil que está entre as mais atingidas pela Zika.
"As fake news são uma
guerra virtual", diz Flávio Santana, um neurologista pediátrico que atende
em Maceió. "Nós vemos isso vindo de todas as direções".
Quando
a Zika se espalhou pela primeira vez em 2015, trabalhadores da saúde
distribuíram larvicidas que matavam os mosquitos que espalhavam a doença.
Não muito tempo depois de o
YouTube instalar seu novo sistema de recomendações, os pacientes do Dr. Santana
começaram a lhe dizer que tinham visto vídeos culpando as vacinas pela Zika —
e, mais tarde, os larvicidas. Muitos recusavam ambos.
Dra. Auriene Oliveira, uma
especialista em doenças infecciosas no mesmo hospital, disse que pacientes cada
vez mais resistiam a seus conselhos, incluindo aqueles sobre procedimentos
cruciais para a sobrevivência de seus filhos.
"Eles dizem: 'Não, eu
pesquisei isso no Google, eu vi isso no YouTube'", ela conta.
Provedores médicos, ela
disse, estavam competindo "todos os dias" contra "Dr. Google e
Dr. YouTube" — e eles estavam perdendo.
Mardjane Nunes, uma
especialista em Zika que recentemente deixou um cargo de destaque no Ministério
da Saúde, disse que trabalhadores da saúde pelo Brasil estavam reportando
experiências similares. Conforme mais comunidades recusam o larvicida
anti-Zika, ela acrescenta, a doença está apresentando uma pequena ressurgência.
"As mídias sociais estão
ganhando", ela diz.
A comunidade médica do Brasil
tem razões para se sentir derrotada. Os pesquisadores de Harvard descobriram
que os sistemas do YouTube frequentemente direcionavam usuários que procuravam
informações sobre a Zika, ou mesmo aqueles que assistiam a um vídeo confiável
sobre temas de saúde, em direção a canais de conspirações.
Um
representante do YouTube confirmou as descobertas do Times, chamando-as de não
intencionais, e disse que a companhia mudaria como sua ferramenta de busca
mostrava os vídeos relacionados à Zika.
Um "Ecossistema do Ódio"
Com a ascensão da extrema
direita, muitas de suas principais vozes foram aprendendo a usar como armas
seus vídeos conspiratórios, oferecendo a suas vastas audiências um alvo:
pessoas para culpar. Eventualmente, os conspiracionistas do YouTube voltaram
seus holofotes para Debora Diniz, uma ativista dos direitos das mulheres cuja
defesa do aborto a transformou, há tempos, em um alvo da extrema direita.
Bernardo Küster, uma estrela do YouTube
cujos discursos feitos em casa lhe deram 750 mil inscritos e um endosso de Bolsonaro, a acusou de envolvimento nos
supostos conluios da Zika.
As próprias pessoas
trabalhando para ajudar as famílias afetadas pela Zika, seus vídeos sugeriam,
estavam por trás da doença. Apoiadas por estrangeiros obscuros, seu objetivo
era abolir a proibição do aborto no Brasil — ou até mesmo tornar os abortos
obrigatórios.
Conforme canais de extrema
direita e conspiracionistas começaram a citar uns aos outros, o sistema de
recomendação do YouTube aprendeu a enfileirar seus vídeos juntos. Por mais
implausível que qualquer rumor individual possa parecer por si só, colocados
juntos eles criam a impressão de que dúzias de fontes díspares estão revelando
a mesma verdade aterrorizante.
"Parece que a conexão é
feita pelo espectador, mas a conexão é feita pelo sistema", declara Diniz.
Ameaças de estupro e tortura
lotaram o telefone e o e-mail de Diniz. Algumas das mensagens citavam suas
rotinas diárias. Muitos ecoavam acusações dos vídeos de Küster, ela diz.
Küster
mencionou alegremente, apesar de nunca ter endossado explicitamente, as
acusações. Isso o manteve dentro das regras do YouTube.
Quando a universidade em que
Diniz dava aulas recebeu um aviso de que um atirador iria atirar nela e em seus
alunos, a polícia disse que não poderia mais garantir sua segurança, e ela
deixou o Brasil.
"O sistema do YouTube de
recomendação do próximo vídeo e do próximo vídeo", ela diz, criou "um
ecossistema do ódio".
"Eu ouvi, aqui, que ela
é uma inimiga do Brasil. Eu ouço, no vídeo seguinte, que as feministas estão
mudando os valores familiares. E no seguinte eu ouço que elas recebem dinheiro
do exterior", ela conta. "Essa repetição é o que leva alguém a dizer:
'Eu vou fazer o que tem de ser feito'."
"Nós precisamos que as empresas
encarem seus papéis", Diniz afirma. "Eticamente, elas são
responsáveis".
Conforme as conspirações se
espalhavam no YouTube, produtores de vídeos miravam em grupos de ajuda cujo
trabalho tocava em questões controversas, como o aborto. Mesmo algumas famílias
que por muito tempo contaram com tais grupos começaram a se perguntar se os
vídeos poderiam ser verdadeiros e começaram a evitar os serviços oferecidos.
No Brasil, essa é uma prática
online crescente, conhecida como "linchamento". Bolsonaro foi um
pioneiro, espalhando vídeos em 2012 que acusavam falsamente acadêmicos de
esquerda de um complô para forçar escolas a distribuírem o "kit gay"
para converter crianças à homossexualidade.
Jordy, seu protégé tatuado,
não se perturbou ao saber que sua própria campanha no YouTube, acusando
professores de espalhar o comunismo, deixou a vida deles de cabeça para baixo.
Uma
dessas professoras, Valeria Borges, contou que ela e seus colegas foram
sobrecarregados com mensagens de ódio, criando um clima de medo entre eles.
Jordy, longe de contestar
isso, declara que este era seu objetivo. "Eu queria que ela sentisse
medo", ele diz.
"É
uma guerra cultural que estamos lutando", ele explica. "Foi isso que
eu fui eleito para fazer".
"A Ditadura dos Likes"
O marco zero da política pelo
YouTube pode ser a sede, em São Paulo, do Movimento Brasil Livre, que se formou
para agitar o impeachment de 2016 da presidente de esquerda Dilma Rousseff.
Seus membros tendem a ser jovens, de classe média, de direita e extremamente
conectados.
Renan Santos, o coordenador
nacional do grupo, aponta para uma porta marcando a "divisão do
YouTube" e diz: "Esse é o coração das coisas".
Dentro, oito jovens clicavam
em softwares de edição. Um estava estilizando uma imagem de Benito Mussolini
para um vídeo argumento que o fascismo tem sido erroneamente colocado à direta.
Mas até mesmo algumas pessoas
aqui temem o impacto da plataforma na democracia. Santos, por exemplo, chamou a
mídia social de "arma", acrescentando que algumas pessoas em torno de
Bolsonaro "querem usar essa arma para pressionar instituições de uma forma
que não vejo como responsável".
O
co-fundador do grupo, um ex-guitarrista de rock chamado Pedro D'Eyrot, diz que
"nós temos algo aqui que chamamos de ditadura do like".
A realidade, ele conta, é moldada por qualquer mensagem que se
torne viral.
Mesmo enquanto ele falava, um vídeo de duas horas do YouTube
cativava a nação. Intitulado “1964”
devido ao ano do golpe militar no Brasil, o vídeo argumentada que a tomada
havia sido necessária para salvar o Brasil do comunismo.
Dominguez, o adolescente aprendendo a tocar guitarra, disse
que o vídeo o convenceu de que seus professores haviam fabricado os horrores do
governo militar.
Borges, a professora de história difamado no YouTube, disse que
isso lhe trouxe de volta memórias dos toques de recolher militares, de
ativistas desaparecidos e de agressões policiais.
"Eu não acho que tenha sofrido minha última agressão", ela diz.
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