Resenha: "Diário de uma escrava", de Rô Mierling


As edições da DarkSide Books são meio que um objeto de fetiche, de tão lindas. Com este Diário de uma escrava não é diferente: capa dura e a lateral das folhas em tons que misturam azul e rosa, encontrando-se numa camada roxa ao centro da página. Um grande problema desses livros é que não tenho coragem de carregá-los comigo na mochila, porque tenho medo de danificá-los, principalmente quando a capa é muito clara, como a obra em questão, que tem a capa branca.

Eu não encontrei muito sobre a autora Rô Mierling, a não ser em sua página. Nela, descobri que a escritora e antologista é gaúcha e que escreve sobre crimes, terror psicológico e realidade social, aparentemente com o intuito de retratar a sociedade e a realidade cruéis em que vivemos.

A proposta de Diário de uma escrava segue precisamente essa linha. Trata-se do relato em primeira pessoa de uma garota sequestrada e mantida como escrava sexual. De fato, a autora se esforça para trazer ao leitor as nuances dessa experiência tão extrema, embora eu tenha a impressão de que ela está tão preocupada em chocar a partir do asco proporcionado por cenas de violência que se esquece de elaborar uma narrativa que seja realmente interessante. Parece não haver desenvolvimento ao longo da obra, apenas interações que levam a descrições pormenorizadas de situações de violência de maneira realista. 

O livro pode ter um excelente apelo entre adolescentes e jovens adultos, mas, do meu ponto de vista, a narrativa em si é boba e acaba ficando um pouco cansativa, pois falta complexidade. Eu não diria que o romance é ruim, imagino que seja, inclusive, muito útil para levantar o debate a respeito de sequestro de crianças e jovens no Brasil. Vi muitas pessoas elogiando a obra e acredito que quem gosta de uma leitura mais direta e sem muitas nuances pode gostar, mas não acho que o livro chegue a ser bom o suficiente para que eu recomende a leitores ávidos que já passaram dos 25 anos de idade.

Para quem quiser conferir:
 

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