Tradução: "Leaked documents show Brazil’s Bolsonaro has grave plans for Amazon rainforest", da página openDemocracy

[Esta matéria foi veiculada no site openDemocracy no dia 21 de agosto. Ela expõe a estratégia que está sendo usada com o objetivo final de explorar a Amazônia. Nunca é demais reforçar: a política de destruição deste governo é grave e precisa ser impedida!]


Documentos vazados mostram que Bolsonaro, do Brasil, tem planos graves para a floresta tropical da Amazônia

democraciaAbierta viu uma apresentação de PowerPoint que mostra que o governo de Bolsonaro pretende usar discurso de ódio para isolar minorias da Amazônia.


por Manuella Libardi



Documentos vazados mostram que o governo de Jair Bolsonaro pretende usar o discurso de ódio do presidente brasileiro para isolar minorias vivendo na região da Amazônia. Os slides de PowerPoint, que a página democraciaAbierta viu, também revelam planos de implementar projetos predatórios que poderiam ter um impacto ambiental devastador.



O governo Bolsonaro tem, como uma de suas prioridades, ocupar estrategicamente a região amazônica para impedir a implementação de projetos multilaterais de conservação para a floresta tropical, especificamente o chamado projeto "Triplo A".
"Projetos de desenvolvimento devem ser implementados na bacia amazônica para integrá-la ao resto do território nacional a fim de repelir a pressão internacional pela implementação do chamado projeto 'Triplo A'. Para fazer isso, é necessário construir a planta hidrelétrica do rio Trombetas, a ponte Óbidos sobre o rio Amazonas e a implementação da rodovia BR-163 até a fronteira com o Suriname", é possível ler em um dos slides.
Em fevereiro, os ministros Gustavo Bebianno (então Secretário-Geral da Presidência), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) planejaram viajar a Tiriós (Pará) para conversar com líderes locais sobre a construção de uma ponte sobre o rio Amazonas na cidade de Óbidos, uma planta hidrelétrica em Oriximiná e a expansão da rodovia BR-163 até a fronteira do Suriname. Mas esse encontro foi cancelado.
Atacar organizações não-governamentais (ONGs) é parte da estratégia do governo Bolsonaro. De acordo com outro slide de PowerPoint, o país está atualmente enfrentando uma campanha globalista que "relativiza a Soberania Nacional na Bacia Amazônica", usando uma combinação de pressão internacional e também o que o governo chamou de "opressão psicológica" tanto externamente quanto internamente.
Dessa forma, não é uma surpresa que a resposta de Bolsonaro aos incêndios venham na forma de um ataque às ONGs. Na quarta-feira, 21 de agosto, Bolsonaro disse que ele acreditava que organizações não-governamentais poderiam estar por trás das queimas como uma tática para "chamar a atenção contra mim, contra o governo do Brasil".
Bolsonaro não citou nomes de ONGs e, quando perguntado se tinha evidências para sustentar as alegações, ele disse que não havia registros escritos das suspeições. De acordo com o presidente, as ONGs poderiam estar retaliando contra os cortes de verba de seu governo. Seu governo cortou 40% das transferências internacionais a ONGs, ele acrescentou.









Um segundo encontro entre oficiais do governo, também em fevereiro, usou uma apresentação de PowerPoint que detalhava os projetos anunciados pelo governo Bolsonaro para a região. A apresentação, que foi vazada para o democraciaAbierta, argumenta que uma forte presença do governo na região da Amazônia é importante para impedir qualquer projeto de conservação de criar raízes.



Os slides são claros. Antes de qualquer plano predatório ser implementado, a estratégia começa com a retórica. O discurso de ódio de Bolsonaro já mostra que o plano está funcionando. A Amazônia está pegando fogo. Ela está queimando há semanas e nem mesmo aqueles que vivem no Brasil estavam totalmente cientes. Graças aos esforços de comunidades locais, com a ajuda das redes sociais, a realidade finalmente está se tornando viral.



A reação online está longe de ser sensacionalista. Somente este ano, o Brasil teve 72.000 surtos de fogo, metade dos quais ocorreram na Amazônia. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) relatou que seus dados de satélite mostraram um aumento de 84% em relação ao mesmo período de 2018.



Essa campanha mobiliza organizações pelos direitos indígenas e ambientais, bem como a mídia, a exercer pressões diplomáticas e econômicas sobre instituições brasileiras. A conspiração também encoraja minorias – principalmente indígenas e quilombolas (moradores de assentamentos fundados por pessoas de origem africana que escaparam da escravidão) – a agirem com o apoio de instituições públicas em níveis federal, estadual e municipal. O resultado desse movimento, eles dizem na apresentação, restringe "a liberdade de ação do governo".






Parte da estratégia do governo envolvendo essa campanha globalista é depreciar a relevância e as vozes de minorias que vivem na região, transformando-as em inimigos. Uma das táticas citadas no documento é redefinir os paradigmas do indigenismo, do quilombolismo e do ambientalismo através das lentes do liberalismo e do conservadorismo, baseado em teorias "realistas". Essas são, de acordo com um slide, "as novas esperanças para o Lar: Brasil acima de tudo!"

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